Surtados
As vezes ouço gritos
Que vem das ruas
Onde dormem gentes
Sob marquises, bêbados
E eles se parecem loucos
Como todos que vivem
Em camas quentes
Que também surtam
Sem bebidas e drogas
Surtam pela solidão
Pelo amor demais, ou,
Não suportam em não ter
Gritam pelas manhãs
Cantam na madrugada
Outras, vozes dos mesmos
Invadem suas cabeças
E transbordam seus
Desejos e visões
Necessidades avulsas
De acalantos serenos
Que alimentam a alma
Que conforta a loucura
Conversam com monstros
Os expulsam das suas solidões
E anestesiados sorriem
Fazendo das noites negras
Seus momentos de realidades