Ano

Quero mais que isso,

eu quero é aquilo.

Viver em meio a tanta intensidade.

Correr o perigo.

Portar e traficar sem piedade

O ilícito amor que um dia foi livre,

no tempo que não se revelou pecado.

Quero agora, antes que acabe

o meu mundo de desejos e conflitos,

correr na rua cheia, gritar pelos telhados.

Escrever nos livros

cheios de caos e de verdades:

poesias de ruas

em muros e paredes,

versos sem métrica ou ritmo

com tintas de sinceridade.

Dizer que o amor é puro cuidado,

vigília constante

neste ano que não mais nos cabe.

E quando entrar janeiro,

sem mágoas ou ressentimento,

recomeçar todo pecado

de amar livremente,

vivendo intensamente

reiventando a coragem.