Disse que nunca mais

Nunca mais ia matar passarinho

Jogar bola descalço

Pular no quintal do vizinho

Tomar banho só no riacho

Montar em cavalo sem sela

Caçoar do velho senhor

Entregar cartinhas a ela

Coisas de menino de interior

Sempre esquecia o prometido

Como se fossem dois Eus

Um sabia, tinha certeza, tava perdido

Outro nem aí pra Zeus

Depois vinha o remorso

A ferida, a bronca, o trauma

De jogar no lixo o esforço

E a vergonha pior na alma

Cresci na idade e no tamanho

E o dilema sempre no rastro

Passei a beber, ter ressaca, insônia

Prometer nunca mais aos astros

Primeiro com convicção

Depois com receio

Com cinismo, por extensão

Como anedota, por esteio

Vieram as coisas do amor

O mesmo atordoamento

Promessas de não sentir dor

De não se ver nu ao relento

Daribe Simbar
Enviado por Daribe Simbar em 30/12/2019
Reeditado em 02/10/2020
Código do texto: T6830165
Classificação de conteúdo: seguro