Disse que nunca mais
Nunca mais ia matar passarinho
Jogar bola descalço
Pular no quintal do vizinho
Tomar banho só no riacho
Montar em cavalo sem sela
Caçoar do velho senhor
Entregar cartinhas a ela
Coisas de menino de interior
Sempre esquecia o prometido
Como se fossem dois Eus
Um sabia, tinha certeza, tava perdido
Outro nem aí pra Zeus
Depois vinha o remorso
A ferida, a bronca, o trauma
De jogar no lixo o esforço
E a vergonha pior na alma
Cresci na idade e no tamanho
E o dilema sempre no rastro
Passei a beber, ter ressaca, insônia
Prometer nunca mais aos astros
Primeiro com convicção
Depois com receio
Com cinismo, por extensão
Como anedota, por esteio
Vieram as coisas do amor
O mesmo atordoamento
Promessas de não sentir dor
De não se ver nu ao relento