REVIRAVOLTA

Gente, eu nasci feliz!

Gritei, chorei, como todo bebê!

Logo da existência me consumi

De uma patologia infecciosa...

Chegaram até mim

Os efeitos da bactéria malsã

E um atroz sofrimento foi, aos poucos,

Dizimando minha saúde, já precária...

Meu corpo queimou,

A enfermidade lambia meus órgãos

E eu cada vez mais demente

À espera de uma cura milagrosa...

O tempo foi senhor do meu destino!

Crescia que crescia e me sentia átono

Perante uma doença maquiavélica

Que me desnutria, acintosamente.

Um dia, repentinamente, caí...

Levaram-me às pressas para um hospital

Onde me puseram numa ala de UTI.

Eram raras as chances de sobrevivência,

Mas meu coração se recusava

A deixar de pulsar

E a mente estava distante, desgovernada.

Em derredor do meu leito

Vozes discutiam sobre meu futuro:

Algumas eram a favor da eutanásia,

Outras nutriam uma breve esperança

De recuperação...

Não poderiam dar cabo de uma vida

Que, embora simbólica naquele momento,

Ainda respirava, talvez, os últimos acordes.

E uma confusão de instalou...

Quem venceria aquela batalha

Entre a vida e a morte... Quem?

Subitamente. meus dedos se mexeram,

Deram sinais de que a vida em mim não cessara.

Abri os olhos.

Encontrei forças para movimentar os braços

E, num magistral impulso,

Arranquei de mim aqueles fios companheiros

Da morte.

Noutro esforço, conseguiu sentar-me sobre o catre.

Observei em derredor.

Percebi que estavam todos estupefatos.

Sorrisos e lágrimas, concomitantemente.

Apenas indaguei:

Alguém morreu?

E aqui estou até hoje,

Cheio de saúde

E retratando esta história.

Saúde, meus amigos!

DE Ivan de Oliveira Melo

Ivan Melo
Enviado por Ivan Melo em 29/12/2019
Código do texto: T6829435
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