Latidos de um Vagabundo!

I

Ó tristeza rebelde amigo querubim...

Nas nuvens os passarinhos si perdem,

Ao longe, onde o sol diz um adeus...

Pode ser que os anjos também não nos ouçam...

... Que aos homens só restam as lágrimas...

... As mesmas lágrimas, que tem mentiras nas idas...

... E verdades na contramão....

II

Ó meu amigo e distante querubim...

Nos meus olhos o ouro dos sonhos,

Perdido estou numa redoma de ais...

Pois, é verdade, o tempo não volta...

E a chuva molha o solo e a alma...

... Mas, tendo os limites do acaso não há além.

III

Ó meu rico e tão tristonho querubim...

Na alvorada não se vê mais um futuro bom,

E muitas são as lágrimas das crianças,

Perdidas no vácuo sem mais nenhum deus...

Pode parecer lamentável, mas as estrelas...

... As estrelas vão embora no mesmo trem...

... Trem de ilusões; sem carinhos íntimos.

IV

Ó meu menino e belo querubim,

Eu percebo que meu coração é um lobo terrível...

Que vocifera fascinações ao nada de si mesmo...

Ó mesmo sol de outrora é um andarilho triste,

... O pavor da eterna chuva nos alcança,

Com tantos orvalhos do amor minguando...

Pode ser que mesmo a beleza dos Céus no silencie.

V

Eu olho as trevas em mim...

Tanta maldade neste Ser caído em lama...

Como a luz pode me guiar ao Seio dos vitoriosos?

Como uma flor morta pode exalar perfumes?

E o canto do passarinho morto invocar os anjos?

Será que as poesias tem algum significado?

E o coração fale os mistérios da solidão...

Ó querido anjo e querubim o medo me apavora.

VI

Sei que sou pó... E tantos são os caminhos...

... Pode ser caminhos de morte e vida.

Pode ser as festividades do sagrado

E o amor supra as ânsias de alguma resposta...

No acaso não há vantagens; e o vazio não consola...

Em tantas perguntas sem luz...

Com luminares na inconsciência...

Querendo convencer os incrédulos em si mesmo...

É essa mesma flor de esperança que imortaliza.

VII

Ó querubim de dores e tantos gemidos...

Perdido no diáfano do tempo e do espelho,

Eu que menino sou me faço o conhecedor do nada...

Em misericórdia e desamor há razões no medo...

Eu serei o pesadelo interno e a chuva de riscos...

Eu serei o deus do insólito e da verdade tangível?

Quero ser o silêncio... Navegar no oceano...

... Com beleza de Nifas que padecem...

... O inferno pessoal das perguntas desta Humanidade.

VIII

Eu sofro? Não! Eu apenas vou de encontro...

Ao sabor do pecado em lágrimas escondidas...

Tenho ressentimento de uma escuridão eterna...

No íntimo sou rosa que padeceu nos espinhos...

Ó verdade que me acode amor pela morte...

... Ao renascimento das eras vindouras...

... Quando nem mesmo os sonhos eram possíveis.

IX

Me acho no momento, em questão cabal...

Somente um louco viveria de sonhos...

Os sonhos são o que pensamos conseguir,

Já a realidade que concretiza os sonhares é apenas...

... Zeus à subjugar Hipinos... O inferno é algo fatídico.

Ó noite que não vai embora... Ó dia que demora passar

São tantos reis que buscaram vitórias...

São tantos príncipes que não foram reis...

São tantos reinos que passaram...

São tantos plebeus que não desfrutaram de riquezas...

São tantos deuses sem adoração... Esquecidos...

São tantos poemas tristes...

Tantos beijos perdidos...

Tantos sonhos sem esperança...

Esperança sem cantos...

E anjos caídos que foram querubins...

... Do meu macambúzio desejo de ser amado.

X

(...)

Talvez o maior desejo do depressivo; seja ser mais triste do que já é, pois mesmo parecendo contraditório o depressivo, entende, que o único mau que o torna conhecedor das questões de si mesmo, e do seu semelhante é: A tristeza. Pois, quando existe alegrias isso passa, igual tantas ilusões, mas quando vem as lágrimas, a melancolia, sabemos que isso vem do nosso "eu" sagrado; que agora podemos entender que somos todos; uns poéticos, deuses...

Francesco Acácio
Enviado por Francesco Acácio em 28/12/2019
Reeditado em 30/12/2019
Código do texto: T6829041
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