Fome
Ronca no estômago uma etérea razão
O prato do tempo se perdeu no espaço
Faminto aquele coração
Vacilava o seu próximo passo
Em memórias amores fritados
Na chapa quente do que iriam pensar
Da indecisão culpado - mal passado
Medo carrasco a temperar
Mas com a idade não viria a sapiência?
E mais calmo me faria os dias?
Será que pelo que me resta é esta urgência?
Caçador das grandes e pequenas alegrias?
Manadas de vida correndo à minha frente
Adrenalina, musculos retesados - a felicidade é a lá carte
Saio em disparada, minha loucura é valente
Preciso garantir a minha parte.
Mas espírito inquieto indomável
Que é o senhor do meu roteiro,
Dono de um apetite insaciável
Me diz parte não, eu quero inteiro!
E sonho como se não houvesse amanhã
Quem sabe não esteja tudo acabado?
Para o conhecimento devoro a maçã
E descubro que não existe este pecado
Pois sou justificado nesta fome
Que faz parte da minha criatura
E este fogo que não se consome
De Deus tem a assinatura