NUNCA MAIS UM POEMA!
Nunca mais um poema;
uma palavra nova sobre a folha em branco;
nunca mais aquele ar de silêncio invadindo a casa vazia de portas fechadas;
nem o olhar perdido entre nuvens cinzentas de tom melancólico;
somente a flor de inverno apodrecida nas calçadas;
perante mudos acordes de canção engolida;
nunca mais um poema;
um instante de inspiração noturna;
apenas a rotina engolindo tudo pelo avesso;
e um sentimento azedo de amor indeciso;
talvez o medo do medo de ter medo;
destes monstros pré-fabricados na janela do inconsciente adoecido;
perante a nova doença imaginária dos tempos modernos;
nosssa fé ausente de indecência pagã!