Conchinha fechada

Conchinha fechada que nunca se abriu

Culpado é aquele que um dia te feriu.

O mar é livro.

Pisando na areia molhada posso sentir

Tuas marcas salgadas que se fazem ouvir.

Sentir o não sentir.

Estranho é

Sentir tocar a água

Mas não sentir o pé.

O mar dança.

Leva e traz música

exalando diferentes nuances.

Tu me dás

Tu me tiras

Tua onda me atrai

E a vida me tira.

Oh, Mar triste

Que, à noite, chorando solidão

Aos marinheiros condena

Oh, Mar risonho

Que, durante o dia, cantando

Aos que choram consola

Eu que apenas de passagem te vejo

Me confundo entre desejos

Não sei se quero abrir

Ou deixá-la fechada

Se quero ouvir o teu musicado consolo

Ou sumir na imensidão de tuas águas

Mar vida.

Praias e precipícios

Conchinhas fechadas que nunca vão se abrir.

E Ouriços cansados de tanto sorrir.

Oh conchinha, por que te deixastes ferir?

Deus, tão pequena

Condenada pela infinitude das águas

Tão pequena

Corajosa

Mas ainda sim pequena.

Quase nada.

Pequena.

Possibilidades sufocadas pela dureza da água

Que de tanto bater

Furou

Oh, Minha querida conchinha, te jogo, de volta ao mar

Para que em seu sufrágio escolha

Se queres abrir ou fechar.

Já que, à mim, resta respirar.

Paula F Nascimento
Enviado por Paula F Nascimento em 26/12/2019
Reeditado em 26/12/2019
Código do texto: T6827507
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