Calada voz:
E na calada noite
Os atrozes calam vozes.
O sangue negro escorre pela calçada,
A mão armada,
O dedo em triste.
Do outro lado da rua
Há muitas luas, nuas
E um olhar triste.
Matam-se os filhos
Mas quem morre são as mães.
A alma enterrada junto ao corpo,
O olhar do pai, há muito,
Já está morto.
É a vida normal em estado de luto!
E o Estado é que fica puto,
Co'a resenha no jornal,
Co's vídeos na Internet.
Mas é tudo tão banal,
Pro's que são marionetes.
Logo passa,
A tudo se esquece,
Mais um dia amanhece!
E o sangue preto, da mesma cor,
Do vermelho sangue branco,
Tem menos valor
Que a chepa da feira.
Derrama-se de bobeira!
Basta não ser da mesma ossada
Ou ter três negros na calçada,
Pro alvo cravar no peito.
Um tiro perfeito
Ou meia dizia de pauladas,
Nas vidas pisoteadas.
E assim vão realizando
A tão sonhada limpeza étnica,
Em um mundo, sub e imundo,
Sem nenhuma ética
Onde a fome gera lucro,
O povo vive em luto
E não tem força
Pra luta
Pois a lei...
É a força bruta.
Léa Ferro. Dez/2019
E na calada noite
Os atrozes calam vozes.
O sangue negro escorre pela calçada,
A mão armada,
O dedo em triste.
Do outro lado da rua
Há muitas luas, nuas
E um olhar triste.
Matam-se os filhos
Mas quem morre são as mães.
A alma enterrada junto ao corpo,
O olhar do pai, há muito,
Já está morto.
É a vida normal em estado de luto!
E o Estado é que fica puto,
Co'a resenha no jornal,
Co's vídeos na Internet.
Mas é tudo tão banal,
Pro's que são marionetes.
Logo passa,
A tudo se esquece,
Mais um dia amanhece!
E o sangue preto, da mesma cor,
Do vermelho sangue branco,
Tem menos valor
Que a chepa da feira.
Derrama-se de bobeira!
Basta não ser da mesma ossada
Ou ter três negros na calçada,
Pro alvo cravar no peito.
Um tiro perfeito
Ou meia dizia de pauladas,
Nas vidas pisoteadas.
E assim vão realizando
A tão sonhada limpeza étnica,
Em um mundo, sub e imundo,
Sem nenhuma ética
Onde a fome gera lucro,
O povo vive em luto
E não tem força
Pra luta
Pois a lei...
É a força bruta.
Léa Ferro. Dez/2019