Nunca o mesmo no mesmo lugar

Sem talento para pressa,

discretamente ansioso,

esperar nem sempre me aborrece.

Sou como rio caudaloso,

que ao ver o sol se distrai,

dispersa, evapora e, enfim, se vai...

Disperso, segue no vento,

corre no céu por um tempo

até que, de novo, se distrai.

Distraído, vai tão alto

que encontra o frio, se contrai,

se condensa e finalmente cai...

Ao cair, já mudou tudo,

corre outro rio noutro leito,

sem ser mais largo nem mais estreito.

Sou como rio caudaloso

caminhando para o mar,

nunca o mesmo no mesmo lugar.

Se dou um passo, não sou mais,

e o outro homem acha outro mundo

que a todo momento se refaz.

Sou como rio caudaloso,

não o cansa evaporar.

Não requer pressa sumir no mar.

Antonio R Filho
Enviado por Antonio R Filho em 25/12/2019
Reeditado em 25/12/2019
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