Nunca o mesmo no mesmo lugar
Sem talento para pressa,
discretamente ansioso,
esperar nem sempre me aborrece.
Sou como rio caudaloso,
que ao ver o sol se distrai,
dispersa, evapora e, enfim, se vai...
Disperso, segue no vento,
corre no céu por um tempo
até que, de novo, se distrai.
Distraído, vai tão alto
que encontra o frio, se contrai,
se condensa e finalmente cai...
Ao cair, já mudou tudo,
corre outro rio noutro leito,
sem ser mais largo nem mais estreito.
Sou como rio caudaloso
caminhando para o mar,
nunca o mesmo no mesmo lugar.
Se dou um passo, não sou mais,
e o outro homem acha outro mundo
que a todo momento se refaz.
Sou como rio caudaloso,
não o cansa evaporar.
Não requer pressa sumir no mar.