Às vezes eu dirijo meu carro
Às vezes eu dirijo meu carro
Indo de casa ao centro da cidade
Mas, no entanto, meu pensamento,
Parece que preferiu recusar a carona.
Ele quis, pensamento, tirar-me o prazer de pensar...
- Claro que a gente dirige mecanicamente -
mas , na prática, meus olhos ficaram pra trás.
Voam no pensamento.
Este sim contorna as curvas da vida: sem freio.
Passam as flores coloridas, o rio passa, o tempo passa
Os olhos seguiram o sensual passeio das mulheres
A tarde é fresca, abastecida do combustível perfume.
Aqui na mecânica do caos
Paro eu diante da luz vermelha do semáforo
Outrora Drummond compôs Cota Zero
- A vida parou sim, caro poeta
Mas dentro do carro que segue em frente...
Um único destino: o universal
É lá que vida e pensamento se reencontram
Desço do carro como quem chega à Lua
No Shopping Center , entro como um desconhecido
- Oi, Lú! Que bom encontrar você!
Uma voz meiga, um doce sorriso
Eu flutuo como que na Lua
Mas volto à Terra
Entro no meu ser, estaciono-me
E abraço Julia.