Às vezes eu dirijo meu carro

Às vezes eu dirijo meu carro

Indo de casa ao centro da cidade

Mas, no entanto, meu pensamento,

Parece que preferiu recusar a carona.

Ele quis, pensamento, tirar-me o prazer de pensar...

- Claro que a gente dirige mecanicamente -

mas , na prática, meus olhos ficaram pra trás.

Voam no pensamento.

Este sim contorna as curvas da vida: sem freio.

Passam as flores coloridas, o rio passa, o tempo passa

Os olhos seguiram o sensual passeio das mulheres

A tarde é fresca, abastecida do combustível perfume.

Aqui na mecânica do caos

Paro eu diante da luz vermelha do semáforo

Outrora Drummond compôs Cota Zero

- A vida parou sim, caro poeta

Mas dentro do carro que segue em frente...

Um único destino: o universal

É lá que vida e pensamento se reencontram

Desço do carro como quem chega à Lua

No Shopping Center , entro como um desconhecido

- Oi, Lú! Que bom encontrar você!

Uma voz meiga, um doce sorriso

Eu flutuo como que na Lua

Mas volto à Terra

Entro no meu ser, estaciono-me

E abraço Julia.

lucheco
Enviado por lucheco em 05/10/2007
Reeditado em 04/11/2007
Código do texto: T682495