incômoda neutralidade

A superfície neutra da carne

A superfície inodora da carne

A superfície invisível da carne

A superfície nula da carne.

Parda, velha, pobre, branca, preta,

Em dias de derme condenada

Na miséria dessa cegueira

Contagiosa, virulenta

Farrapo.

Que anda no asfalto

Da civilidade incivil

Dos lados opostos

Desumanidade posta

Na sarjeta, na janela, na sala de jantar

Que passa despercebida na esquina

Não fede, não cheira

Não tem nome

Não é.

a indiferença educada

disfarçada de sentir,

Da ignorância blindada

Nas horas de sol

nessa cidade vazia

Fria, vadia.

Lu Genez

Lu Genez
Enviado por Lu Genez em 22/12/2019
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