incômoda neutralidade
A superfície neutra da carne
A superfície inodora da carne
A superfície invisível da carne
A superfície nula da carne.
Parda, velha, pobre, branca, preta,
Em dias de derme condenada
Na miséria dessa cegueira
Contagiosa, virulenta
Farrapo.
Que anda no asfalto
Da civilidade incivil
Dos lados opostos
Desumanidade posta
Na sarjeta, na janela, na sala de jantar
Que passa despercebida na esquina
Não fede, não cheira
Não tem nome
Não é.
a indiferença educada
disfarçada de sentir,
Da ignorância blindada
Nas horas de sol
nessa cidade vazia
Fria, vadia.
Lu Genez