O menino e a menina
Ele era tão criança
Que andava, ainda, cambaleante,
Como a menina no circo
Andava sobre o barbante
O menino levava um copo
Que a princípio transbordava
Acabou virando filosofia
O resto de água que o copo guardava
E o equilíbrio da menina circense
Guiava-se por uma sombrinha
Mesmo quando não chovia
A sombrinha aparava a chuva
Não deixava o copo encher
E o filósofo perguntava
Este é um menino vazio?
Foi um convite evasivo
Que a menina deixou escapar
Chamou o menino para o barbante
Para, ao lado dela, passear
Ela, uma gueixa de sombrinha
Ele, um ébrio de copo quase raso
Agora o peso no barbante
Fez o fio se retesar
Para que um copo vazio?
Não há linha reta a andar
E o copo vazio, e o barbante tenso
Encheu a caminhada de filosofia