EU E O TEMPO

O tempo no seu discreto encantamento

Parecia parado, misteriosamente imóvel

E eu, no meu desatento viver ignóbil

Devorava os dias incessantemente

Mutante convicto e curioso

Troquei de opinião e conceito quase sempre

Mudei de direção e pretexto constantemente

E seguia sem perceber o tempo furioso

Trocava de pele e plano dia a dia

Corria pelas beiras dos abismos

Desafiando as ciladas e os perigos

Desprezando o prazer e a agonia

Hoje sei, que o tempo é silencioso e sagaz

E vai abrindo estradas e atalhos clandestinos

E vai delineando caminhos nos destinos

E vai deixando em mim, as suas marcas e sinais.