Ode À Minha Morte
Solta ao vento
Sinto-me.
Presa apenas
Ao teu Amor
Que acompanha-me
Com olhar taciturno
A dançar
Sobre a minha morte.
Nem sempre consigo
Te escutar.
E o teu silêncio grita
Nos recônditos
Do meu coração.
Não estou para agradar
Quebro paradigmas
De mim.
Do mundo.
Dos hipócritas
Das frases de efeito
Das fotografias congeladas
Dos estigmas e rótulos
Da satisfação ao alheio.
.............. Canso-me.
De mim e de tudo.
Lavas
A minh'alma
Quando encontro-me
Com a loucura
Que é ser eu.
Tropeço
No meu vestido antigo.
Atrapalho-me.
Enlouqueço.
Abraças-me.
E lembras-me de que já passou.
Sopras as minhas dores
Seguras na minha mão
E convidas-me a voltar
Ao grande salão
Dos hipócritas
À dançar com a minha morte
E giramos tanto e tanto
Até que sinto-me
Atordoada
E em teus braços
Adormeço.
O teu silêncio grita.
O teu olhar traz
O meu pôr de sol.
Adormeço.
Presa ao teu Amor
Que vela-me
O sono da morta.
Karla Mello