P R E C I O S I D A D E S (191)

O PESADO RESGATE

Conduzo a passo lento o inevitável fardo

que o Destino me impôs. Seu peso me apavora.

Meu calvário é distante e eu sinto que não tardo

a tombar de cansaço. Ah ! se eu jogá-lo fora.

Num abismo qualquer - penso. Mas me acovardo

e prossigo arquejante. Uns passos mais . . . agora,

sob o peso brutal, blasfemo. E vem o dardo

da descrença ferir a minha alma que chora.

Tudo é negro em torno - a noite veste luto.

Dentro da escuridão, estranha voz escuto:

- é pesado o madeiro, eu bem sei que é pesado

e não terás Simão à beira do caminho:

numa existência só, levando a cruz sozinho,

terás que resgatar dez vidas de pecado ! ...