SANTA DA DESDITA
Sossega e cala esta mente
Descansa tua tez indolente
No seio do coração
Que de súbito, de supetão
Bate descompassadas baladas
Nas cordas desafinadas
Veias da circulação.
Teu corpo é quase só água
Tua alma sofrida, penada
Reclama e só quer morrer.
Mas o que te resta? Viver!
É o que vale, é o que sobra
Entre os meios, entre as dobras
Do tempo que já passou.
Carrega tu mesmo esse andor
E deixa que te cubram de flores,
De beijos, de mil amores
Na procissão desta vida
Que a vil Santa da Desdita,
Tão adorada e querida,
Só quer ver teu dissabor.