SANTA DA DESDITA

Sossega e cala esta mente

Descansa tua tez indolente

No seio do coração

Que de súbito, de supetão

Bate descompassadas baladas

Nas cordas desafinadas

Veias da circulação.

Teu corpo é quase só água

Tua alma sofrida, penada

Reclama e só quer morrer.

Mas o que te resta? Viver!

É o que vale, é o que sobra

Entre os meios, entre as dobras

Do tempo que já passou.

Carrega tu mesmo esse andor

E deixa que te cubram de flores,

De beijos, de mil amores

Na procissão desta vida

Que a vil Santa da Desdita,

Tão adorada e querida,

Só quer ver teu dissabor.

Franz Znarf
Enviado por Franz Znarf em 16/12/2019
Código do texto: T6820583
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