AO ROMANTISMO

Sei que sou homem moderno,

Que visto outro tipo de terno,

E que o tempo agora difere.

Que o moderno me perdoe,

E por mais que errado soe,

O Romântico é quem ferve.

Tínhamos o Álvares,

Casimiro e Castro Alves,

Machado e Tobias Barreto.

Co'as aves Gonçalves Dias,

Gorjeando aos doces dias,

À Terra do velho coreto.

Lá todo mundo amava,

E a Poesia cantava,

A beleza desta vida!

Os homens podiam chorar,

As musas podiam brilhar,

Se curava a doída ferida.

Formosa a campina cheirava,

Na flor borboleta pousava,

O rio ainda era claro.

Hoje não tem mais campina;

A borboleta hoje finda;

E rio claro hoje é raro.

O amor é hoje à distância,

Criança não tem mais infância,

Existir é desespero!

Hoje tudo é encarecido,

O político é bandido,

A paz transformou-se em medo.

Que o moderno me perdoe,

E por mais que errado soe,

O Romântico é quem ferve!

Sei que sou homem moderno,

Que visto outro tipo de terno...

...E que agora o tempo difere.