O Caminheiro

O caminheiro que encontrei um dia

Enclausurou completamente a vida

No mesmo lugar que jaz estendida

A companheira na lápide fria

No desenlace que levou seu afã,

Sedestre, à noite, no mármore frio

E a luz que atravessa o seu orleã

Aguça o corpo causando arrepio

É do caminheiro que encerrou estrada

Esse amor que a noite suaviza...

Não sei de onde vem a paixão elevada

Que no mármore frio cristaliza:

Se vem do amor que a morte não acaba,

Ou da morte que o amor eterniza.