Quando escrevo


Quando escrevo, me transporto,
sento-me no banco de uma praça qualquer,
a qualquer hora,
entro na alma dos que perambulam

pelas ruas,
sofro com eles.

Esvazio minha alma.

Gosto quando me falta a inspiração,
ameniza o aperto em meu coração.

Do nada, volto,
vou rabiscando velhas casas, fumaças pelas

chaminés,
jardins... borboletas,
aves à sobrevoar, flores ao sol,
abelhas sem mel, à esmo.

Os meus rabiscos me absorvem,
e me levam à lugares que não sei.

Sem querer me reencontrar,
sem escrever o que me vai por dentro,
querendo outros ares, mas, com vontade de ficar.

Minhas letras vão se arrastando, e me levam
para bem longe de mim,
perco-me por caminhos estranhos,
volto, arranhando páginas, sem vontade de nada,
rabisco enfim a solidão, e me calando,


penso,
quantas linhas falsas, e tortas, escreveria.
Os sonhos fogem-me por entre os dedos,
a angústia bate à porta da minha alma,
que permanece fechada e sem inspiração.


Esqueço o mundo, com tudo o que não me pertence,
tudo fica para trás, até esqueço que existo.

 

 

Liduina do Nascimento
Enviado por Liduina do Nascimento em 12/12/2019
Reeditado em 27/09/2024
Código do texto: T6817138
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