Pelo peito

Eu não vou sobreviver aos bares

e às mulheres

e à Recife.

Tenho por certeza este fato

e costumo me pegar

sentado e encarando copos de bebida

em mesa de bar

me perguntando quanto tempo eu ainda tenho

pra me lamentar.

Às vezes me vejo investido,

e absorvido

em relações além da cama e do vinho

e termino me acostumando com o calor

de não estar sozinho

mas enfim,

nada é tão simples

pra mim,

Nem sempre é fácil

estar com alguém,

e eu termino seco e vazio

e frio

como as garrafas sobre a mesa.

Ainda assim eu sigo sentado

pensando na morte,

e que meu fígado é mais forte

que meu coração,

por isso acho que morrerei num arroubo

numa explosão,

sem jeito.

num disparo

num instante

Hei de morrer

como vivi...

hei de morrer pelo peito.

Rômulo Maciel de Moraes Filho
Enviado por Rômulo Maciel de Moraes Filho em 12/12/2019
Reeditado em 12/03/2021
Código do texto: T6816861
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