Pelo peito
Eu não vou sobreviver aos bares
e às mulheres
e à Recife.
Tenho por certeza este fato
e costumo me pegar
sentado e encarando copos de bebida
em mesa de bar
me perguntando quanto tempo eu ainda tenho
pra me lamentar.
Às vezes me vejo investido,
e absorvido
em relações além da cama e do vinho
e termino me acostumando com o calor
de não estar sozinho
mas enfim,
nada é tão simples
pra mim,
Nem sempre é fácil
estar com alguém,
e eu termino seco e vazio
e frio
como as garrafas sobre a mesa.
Ainda assim eu sigo sentado
pensando na morte,
e que meu fígado é mais forte
que meu coração,
por isso acho que morrerei num arroubo
numa explosão,
sem jeito.
num disparo
num instante
Hei de morrer
como vivi...
hei de morrer pelo peito.