PENUMBRA
PENUMBRA
O cabelo em repartido largo
Os olhos esmaecidos
Nas agonizantes primaveras
Descendo degraus após o ápice
Escarrando e escorregando no fel
Braços nus sem abraços
Mãos repletas de vias e traços
Rugosas pela ação do tempo
A caminho da penumbra
Sem forças para enervar-se
Com a cabeça servida numa bandeja
Não pensando o que quer que seja
Será ter valido a pena?
Os arrebóis, os sóis, entrados
Pelas abas das janelas
Onde não se vê mais nelas
Envelheceu e não percebeu
E agora tudo é neblina
Não há mais ouro na mina
Apenas cascalho pontiagudo
Ferindo tudo sem escudo
Coberto de retalhos de vidas
Todas sem exceção idas