PENUMBRA

PENUMBRA

O cabelo em repartido largo

Os olhos esmaecidos

Nas agonizantes primaveras

Descendo degraus após o ápice

Escarrando e escorregando no fel

Braços nus sem abraços

Mãos repletas de vias e traços

Rugosas pela ação do tempo

A caminho da penumbra

Sem forças para enervar-se

Com a cabeça servida numa bandeja

Não pensando o que quer que seja

Será ter valido a pena?

Os arrebóis, os sóis, entrados

Pelas abas das janelas

Onde não se vê mais nelas

Envelheceu e não percebeu

E agora tudo é neblina

Não há mais ouro na mina

Apenas cascalho pontiagudo

Ferindo tudo sem escudo

Coberto de retalhos de vidas

Todas sem exceção idas

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 10/12/2019
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