Borboleta
Tua silhueta, linda, projetou-se na minha retina, e iluminou meu dia tal como o sol irradia a maré nua, tal como a lua mergulha no fundo do mar, e lá, cheia, descansa.
Tua silhueta me encantou, assim como um gato preto com seu jeito cheio de altivez e graça,
Como uma borboleta (quiçá mariposa), que baila, linda e pomposa no jardim, na varanda.
Tua silhueta cantou no palco do meu coração qual um passarinho encanta no pé de laranja...
Deitou-se no colchão do meu quarto, e lá se refestelou com um cigarro na mão,
Lendo Quintana
qual uma garça, com sua pose, que pousa na proa duma canoa, que por sua vez balança, embalada nas danças suaves de Oxum.
Tua silhueta - não, não só ela, mas teu gosto, teu jeito incomum, teu toque (que me causa arrepio), teu corpo (que me deixa sem ar), teus olhos, tua voz, alma, tua beleza e cada coisa que te faz peculiar - inrromperam em meu paladar, olfato, emoção, ouvidos, enfim, em todos os sentidos, vírgulas, cantos e cômodos, como um vinho que embriaga, como os sons e tons de Mozart, como uma foz que desagua, como o perfume da madrugada em nuances de nostalgia - teu ser invadiu o meu em forma de poe... sinfonia!
e fez morada...
E fez sentido no que já não fazia...
nada.
(E onde nada florescia, plantou uma flor)
E me fez sorrir
E me fez sentir
Regado
De…
...poesia…
De amor
Não, não invadiu… porque já era eu, só que não sabia.