nonagésima segunda miniode ou tornar-se bússola tornar-se vela

despir o corpo

vestir -se

somente de alma

navegar

no bardo

no encontro

com tudo que não foi

resolvido

com aquilo que não morre

mesmo morto

e desamarrar o trauma

primordial

romper a corrente

que prende o fluxo

e detém o voo

não na asa

na garra

não na direção do céu

mas para dentro do abismo

onde o erro se repete

indefinidamente

no espaço sagrado

tornar-se bússola

tornar-se vela

e se desfazer de tudo

que apenas pesa

que é somente culpa

Francisco Zebral
Enviado por Francisco Zebral em 08/12/2019
Reeditado em 10/12/2019
Código do texto: T6814108
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