LAMENTO
Preto velho
Carapinha branca
Medita sózinho
A suspirar...
Relembra
Com mágoa e saudade
Sua mocidade
Que tão longe vai...
A casa grande,
O açude, a senzala,
O café florescendo,
O terreiro a dançar...
E a "mãe preta"
Embalando o bercinho
Do seu "sinhozinho",
Ternura no olhar...
Escravo livre,
Feliz, sem chibata,
Sem tronco, sem marca,
Feliz a cantar...
Noite de lua,
Negro apaixonado
Beirando o riacho
Sózinho ao luar...
Preto velho
Carapinha branca
Sofre amargurado
Nem quer mais viver:
Ficou sabendo
Que há negro sofrendo
E ainda morrendo
Por causa da cor!...