Na estrada.
Deitado na estrada um cão me olhou,
ele suspirava com dificuldade
parecia dividir sua atenção
entre mim e sombras.
Não havia temor em seu rosto creme,
só aceitação.
Ele não contemplava a vida que teve,
ou estava arrependido de não roer
um osso, raiva também não pairava nos seu olhos,
não ouviam-se latidos revoltos, afinal,
o outro lado não parecia arriscado.
Quando me aproximei, ali sem grandes
aspirações em salvar-lo, o seu olhar cresceu, vi a surpresa e o medo, me pergunto, se ele sentiu esperança, por fim
foi-se, simples, sem discurso.
Na estrada agora, antes sombras, ossos e suspiros
agora só eu, na companhia do eu.