(sem título)

Caminho pela rua por onde caminho a

cada dia

olhando para os lados e a frente,

para os céus e, às vezes,

voltando-me àquilo que está atrás.

A cada suave movimento d'olhar

capto algo que

na rua por onde caminho todos os dias

nunca, dantes, vi.

A cada dia, o mundo mostra-se

inteiramente novo.

Inteiramente re-nascido,

com todas as cores da luz visível para

serem conhecidas

E toda a geometria natural

das formas

para serem contempladas.

Caminho pela rua onde

caminho a cada dia

Ouvindo os sons que nascem e

retornam à potência do Silêncio,

o assobio do seu Sabiá:

Inteiramente novo

e único em toda a Existência,

o aviso do copo de café preto, diligente e doce,

tangendo o balcão de suor e mogno

E o soar das folhas amarelas e secas que atapetam o ígneo chão sob meus pés suaves.

Caminho pela rua a talude

tocando as plantas e troncos de mil texturas, as mãos estendidas, e desvelando-me ao abraço terno da brisa estival.

Delicio-me, inocente, com os

aromas das flores lilases que abrem-se com o crepúsculo das horas e adormecem na alvorada

E agradeço por sentir os aromas agres da natureza retilínea e pétrea.

Pois estou viva.

Mais do que isso: experiencio a Vida

Com os sentidos desobstruídos, puros.

Por isso caminho pela rua

por onde caminho a cada dia

olhando para os lados e a frente, para os

céus e, às vezes

voltando-me àquilo que está atrás.

Nicolle Ramponi
Enviado por Nicolle Ramponi em 05/12/2019
Reeditado em 05/12/2019
Código do texto: T6811452
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