metanoia
Belo é o sol e o beijo do sol nas formas
desenhando as folhas do céu no chão,
O doirado do teu rosto dantes rubro que sorri sob os olhos celestes,
Os rios de tempestade serena que escorrem nos vãos das calçadas
e os espelhos da água que repousa refletindo as construções do Homem, os ninhos de barro nas Aroeiras e toda a vida do Firmamento.
Belos são os contornos vivos e verdes que rompem o asfalto, os muros mudos e as planícies pétreas:
riso sublime e sutil do Supremo,
As flores que desabrocham na alvorada do sétimo dia e voltam à potência quando o crepúsculo desperta a lua e a primeira estrela que enleva o céu
E o crepúsculo do corpo
Este: que caminhou as manhãs em frio exílio,
derramou os suspiros das tormentas
e navegou lentamente o reverberar surdo das palavras mudas
Este, então, contempla, inocente, o Eterno Fluir.
Belo é o Inocente Fluir
Livre da muralha oca das impurezas da mente: ganância, raiva, ignorância
Que cegam aos olhos o céu e as flores,
Ensurdecem aos ouvidos a sinfonia dos astros e o canto dos ventos,
Distanciam do toque o veludo do corpo e da pluma,
Dos lábios, os sabores dos frutos da terra e das águas da terra
e, das narinas, os perfumes agres e doces da Vida Natural.
Bela é a Pureza dos Sentidos
Onde a Essência do Ser
De todos os seres
Sem Medo:
É.