metanoia

Belo é o sol e o beijo do sol nas formas

desenhando as folhas do céu no chão,

O doirado do teu rosto dantes rubro que sorri sob os olhos celestes,

Os rios de tempestade serena que escorrem nos vãos das calçadas

e os espelhos da água que repousa refletindo as construções do Homem, os ninhos de barro nas Aroeiras e toda a vida do Firmamento.

Belos são os contornos vivos e verdes que rompem o asfalto, os muros mudos e as planícies pétreas:

riso sublime e sutil do Supremo,

As flores que desabrocham na alvorada do sétimo dia e voltam à potência quando o crepúsculo desperta a lua e a primeira estrela que enleva o céu

E o crepúsculo do corpo

Este: que caminhou as manhãs em frio exílio,

derramou os suspiros das tormentas

e navegou lentamente o reverberar surdo das palavras mudas

Este, então, contempla, inocente, o Eterno Fluir.

Belo é o Inocente Fluir

Livre da muralha oca das impurezas da mente: ganância, raiva, ignorância

Que cegam aos olhos o céu e as flores,

Ensurdecem aos ouvidos a sinfonia dos astros e o canto dos ventos,

Distanciam do toque o veludo do corpo e da pluma,

Dos lábios, os sabores dos frutos da terra e das águas da terra

e, das narinas, os perfumes agres e doces da Vida Natural.

Bela é a Pureza dos Sentidos

Onde a Essência do Ser

De todos os seres

Sem Medo:

É.

Nicolle Ramponi
Enviado por Nicolle Ramponi em 04/12/2019
Reeditado em 04/12/2019
Código do texto: T6810816
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