Quiméra e Pesadelo - Conto de terror em poema

Sempre à tardinha, minha irmã vai trabalhar.

Estou preso no quarto, tenho que esperar.

Para que eu não me sinta só, minha irmãzinha

Me empresta sua boneca de pano malditinha.

Eu não gosto daquela boneca, e nem da irmãzinha.

Ela me dá muitos tic-tacs, que me deixam violento.

Mas eu sei que fico pior se não tomar as pílulinhas...

Eu queria ficar com a mamãe, não com a boneca...

Mas eu também não gosto da mamãe, ela nunca voltou.

Eu queria ficar com a mamãe, não com a boneca...

Mas eu também não gosto da mamãe, ela nunca voltou.

A minha irmã nunca está muito longe na verdade,

Não viaja de trem, nem pega os ônibus da cidade.

Ela trabalha bem no quarto ao lado. Tenta

sempre me convencer de que não há nada de errado...

Então as nuvens ficam negras e anoitece.

Bem comportado eu tomo meu benperidoll,

Me escondo debaixo da cama, faço uma prece

E tapo os ouvidos até que nasca o sol.

Eles vem e vão, sempre estão aqui

As vezes vêm em dois, três e até em quatro

Não sei dizer o que fazem com minha irmã ali

Sei que ela está sempre gemendo no quarto...

Quando escuto barulho, ou vejo luzes brilhantes

Eu fico tremendo e fico descontrolado.

Tapo os ouvidos para não ouvir os sons gritantes

Que minha irmã está fazendo no quarto ao lado...

PARE DE GRITAR E DE GEMER TÃO ALTO!

"SOCORRO", FALOU PALAVRAS QUE EU NÃO CONHECIA.

EU ESCUTAVA OS GRITOS, E MINHA MENTE DOÍA

A minha irmã não estava mais viva...

E ENTÃO EU MORDI A CABEÇA DA BONECA

SIM! EU ARRANQUEI A CABEÇA DA MALDITA BONECA

EU DEGOLEI O PESCOÇO DA BONECA

EU NÃO GOSTO DA BONECA!

Horas depois, fui ver minha irmãzinha

Ela estava deitada no chão, tudo era vermelho.

Ela dormia quieta, sem respirar...

Parecia uma boneca.

Notei, não tinha tomado o remédio

Eu tinha feito com minha irmãzinha

O mesmo que fiz com a bonequinha...