NADA

Venho a ti numa noite escura,

A solidão, a caluda no silencio são irmãs

Que de mãos dadas fingem ser amigas,

E o olho do nada espreita, antevendo o tombo

Teu pé, ante pé procurando o caminho entre as brumas.

Num corredor frio, o toque das plumas brincam com o teu medo.

Pega então minha mão e vem,

Pois se não há mesmo qualquer esperança... vem!

Para onde? Não importa...

Não há caminho, não há portas,

Só o nada, fora do tempo

Num percalço, o torvelinho e o som do vento

Que uiva, à guisa da última música, a do adeus.

Na exatidão de um lugar onde não hás de chegar

O vazio é solto, o espaço é pouco

Ou nada, nada há para se apegar...

Franz Znarf
Enviado por Franz Znarf em 02/12/2019
Código do texto: T6809358
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