NA REDOMA

Entre mim e a vida

há uma cortina de cristal.

Minha poesia, lúcida,

nasce em resguardo abissal.

Entre mim e a vida

há um muro claustral.

Minhas palavras, em bastida,

são apenas um sinal.

Entre mim e a vida

há uma vítrea fumaça.

Por mais clara e nítida,

não a toco, por mais que faça.

Entre mim e a vida

há uma dura redoma.

Meus versos saem desta guarida:

crio um poema-axioma.