DAS COISAS SEM ORIGEM NEM CLASSIFICAÇÃO

Toda reverência às lágrimas que descem sem uma tristeza definida

Não há cura pra doença que só se mede pela intensidade

Não há cura para a vida

Nem para os sonhos...

Eles vivem no rochedo que desmorona e se refaz no limite da razão

Ou são a própria em estado bruto, inalterado, imaculado, intocado

Acordes de uma sinfonia maior, recortes da morte e analgésicos das gotas salgadas que se formam de uma semente desconhecida num solo mais fértil que a própria explosão da imaginação

Num círculo perfeito e violento, num espiral quebrado que se encontra com o começo pra se ramificar infinitamente

A capital que marcha pro interior

O laço desfeito do presente indesejado

Minha luxúria contida na melodia dissoluta, meu tesão pelas ruínas de areia

Até sermos castelos e árvores no bojo de todas as idéias

Arrastados pela vontade dos teimosos

Criados pelo pulso da loucura

Afagados numa cama de nuvens

Acalentados pelas lembranças daqueles velhos sonhos que já sobrepujamos e enterramos

Bem fundo, abaixo das raízes das formas que a tudo assumem

E das lágrimas sem origem que as regam.

Caio Braga
Enviado por Caio Braga em 01/12/2019
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