Louco, deveras, louco
"Eu sou trevas. Dor. Solidão. Castigo. Saudades. Muita saudades. Um mar de saudades. Sou perdição. Um caminho sem volta. Puro prazer, com um bilhete de adeus a cada manhã. Sou passageiro, companheiro, distância e afeto quando estou perto. Sou profundo. Mas odeio quando mergulhem. Sou viciado. Em mim. Nas palavras que só minha alma ouvem e quando transbordo, a poesia ganha forma. Sou sorriso quando as vozes na minha cabeça contam uma piada que só eu entendo. Não sou perto, sou estrada. Voo alto e não volto. Pouso e vazo logo depois. Curioso. Abstrato. Louco, deveras, louco. Sou paixão e deixo marcas profundas por onde passo. É, reciproco. Alguns deixam em mim também. Porém sou concreto. Não cimento mole. Pra me marcar, tem que quebrar a casca dura e penetrar no coração frio. Após isso, acendo a fogueira e faço um café. Café quente a qual beberemos diante de uma vista linda que só o topo da montanha que resido, pode te dar. Ah, como amo-me. Pertenço-me. Agrado-me. Batalho, brigo, machuco-me e curo-me num processo sem fim. Amor e ódio em uma mesma personalidade. Ou várias? Nem eu sei mais..."