AS PERNAS DO TEMPO
Hora de espera, o tempo é lento.
Perdem-se os minutos nas longas pernas da boneca de pano.
No fundo do espelho, as marcas que invento
do passado... criadas ou vividas,
Depósitos de néctar dos frutos daquele brinquedo insano.
Daquilo que seria mel,
A boca recolhe cristais.
Da mistura de sal e fel,
Apara o gosto do nunca mais.
As pernas do tempo são fatais,
perdem brinquedos, distorcem imagens sem avisos e preparos.
Secam o néctar da teimosa abelha,
amargam o doce,
não admitem reparos.
Dalva Molina Mansano