SEXTILHAS GENIAIS
São trinta e dois de repente
Cinquenta e seis de leitura
Durante esse tempo todo
Eu busquei muita lisura
Pra me tornar cantador
E ter mais desenvoltura
Estudei nossa cultura
Com muita sinceridade
Procurei nos bons romances
A luz pura da verdade
Para cantar de improviso
Com muita facilidade
Com vinte e sete de idade
Viajei pelo sertão
Levando a viola em punho
Cantando com perfeição
As belezas nordestinas
Orgulho do meu rincão
Cantei no belo sertão
Repente forte e bonito
Para o nordestino amigo
Eu fiz repente erudito
Por lá deixei minha marca
De repentista perito
No sertão preguei meu rito
De cantador genial
Fiz amizades sinceras
Com nosso povo braçal
Inda hoje sinto saudade
De toda zona rural
Como intelectual
Procurei ser mais honesto
Respeitar o cidadão
Sincero, bom e modesto
Sem ferir a gratidão
E sem praticar incesto
Eu nunca tentei protesto
Contra o povo nordestino
Pois adoro o meu nordeste
Chão poético e divino
Berço da nata cultura
Do cantador genuíno
Nordeste de Laurentino
De João Paraibano
De Ivanildo Vila Nova
Também Raimundo Caetano
E dos romances famosos
Do nosso grande Ariano
Meu nordeste puritano
Deu muita gente invulgar
Deu Castro Alves, um mestre
No poema singular
Nosso Alencar no romance
Outra figura exemplar
Eu me ufano encantar
O meu nordeste querido
Berço de Zé Lins do Rego
Romancista destemido
Terra que me viu nascer
E me fez ser aguerrido