Tormento dantesco
Tormento dantesto
Incontáveis lágrimas agônicas
Percorrem esse rosto macilento
Mãos cadavéricas, em vão, tentam impedi-las
Elas percorrem quentes os vincos da face
Torrenciais até atingirem o solo
Chão tão fétido e repulsivo
Marcados por garras sanguinolentas
Que lancinam a carne dos corpos lançados ali
E aqueles genuflexos clamam debalde
Algo intangível no porvir
E as lágrimas jorram copiosas
Molham a terra rubra e apodrecida
Aguardam seu algoz
Suas mãos postas em súplica
Resistindo em suas últimas esperanças
Aos açoites ferinos que maculam
Mente, corpo e alma
Desesperado vem à tona
Já desprendido de si, torna-se louco
Desejoso pela dor
Desconhece a ti mesmo
E perde-se em tormentos dantescos
Pela eternidade.
Eduardo Benetti