À mesa
Certas estampas de forro de mesa
me transportam ao passado,
a momentos que nem sei quais.
É que me vem tudo junto:
vozes, imagens, cheiro de comida
e de café coado há pouco.
Quanto mais corro atrás dos pensamentos,
mais me fogem, mais se embaralham.
Então desisto e fico apenas
com a ideia da mesa,
o lugar sagrado,
onde as histórias são contadas e vividas,
onde a vida é coletivizada.
Por isso gosto do quadro da santa ceia.
Ele me faz imaginar um Deus que come e bebe,
e depois, satisfeito, adormece,
agradecido aos humanos por
terem-no salvado da santidade.