Os Enfermos

Inexorável agonizar d'uma matéria

Deprecia o Ser à potência do Nada.

A éburnea alma iluminada

É consumida pela facínora bactéria!

E não há rogo que cede

O fim da composição de carbono

Gritada pela garganta de um barítono

Quando a putrefação procede!

Essa dor, nem Augusto expressou!

Sua sístole e diástole em descompasso

Sentindo a dor aumentar a cada passo

E não morrer nos braços de quem amou!

-Quem o homem ama?Não só quem oscula!

O voluptuoso homem não ama!

Pois, todos aqui estão em uma cama

E suas carnes ostentando pústulas!

Não é possível que Deus queira

Uma localidade tão triste e sangrenta

Que esbanja sangue e dele se alimenta

Tenazmente, desta maneira!

Cardoso de Figueiredo
Enviado por Cardoso de Figueiredo em 27/11/2019
Reeditado em 27/11/2019
Código do texto: T6804847
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