ESSENCIAL
Se eu fosse seu e desenhado no relevo
você duvidaria deste meu real intento,
pois me vê do jeito doce, mas suspenso
— uma nuvem que só chove por dentro.
Se eu fosse seu e se, cego, um nó surgisse
eu voltaria menino, dono da maior meninice
que não caberia nos oceanos, na terra firme
ou nos sons do corpo e alma no mesmo timbre.
Se eu fosse seu aquele tal momento chegaria,
de cobrir a sua pele macia, lambida a lambida,
com o sal do meu suor e o mel da minha saliva:
das curvas escondidas ao vulcão da sua vagina.
Ainda colheria os seus ais incontidos e os guardaria
na canastra do que é inesquecível. E o amor, amaria.