NATAL SEM PARENTES
Separados e distantes do lar de origem
têm o Natal juntos de seres cá nativos.
Sentimentos do explorado ambiente não virgem
despertam nos intrusos poéticos motivos.
Papos e brincadeiras apontam passados
alheios aos prudentes invasores queridos,
que por se virem amigos e interessados,
bem simulam domínios falsos e metidos.
Na ocasião da ceia da meia–noite surge a gula
pertencente aos buchos e às panças insaciáveis,
em roncos de uma fome louca que estrangula...
estrangula a religiosidade da data,
tão sagrada para os homens inseparáveis,
todavia pecadores nessa ação pacata.
Salvador, 1994.