A CRIA

Do nada te crio

do fátuo te acendo

do éter te sopro

do imo te alço...

Pego-te no colo

são teus os meus olhos

tua a minha mão

oferto-te o tempo!

De emoção vestida

faço-te rebento

e nesse momento

sou mater de ti

Que nada me chame

não oiço, não falo

só a ti pertenço

esqueço-me de mim...

Afago-te o rosto

modelo-te o corpo

aliso-te a cama

rego-te o jardim

Do insosso te salgo

do amaro te adoço

do frio te aqueço

da hora me esqueço

Amasso-te, estendo-te

polvilho-te a cor

leveda o fermento

meu bolo de amor!

Provo-te e aprovo-te

lambo a minha cria

baptizo-te enfim

“Poema de Mim”

Carmo Vasconcelos
Enviado por Carmo Vasconcelos em 06/11/2005
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