O poema ideal
Nunca mais voltei ao lugar do meu suplício
Lá, onde compus o poema ideal
E me senti completo, desejei não ser.
Era desajeitado quando em criança,
Tropeçava na alma das coisas e no vento
Que se perdia pelas manhãs de sol.
Fui o menino sozinho no canto;
Ainda sou, mas menos triste, talvez
Porque tenha aprendido a chorar.
De quantos desabrigos um menino
Precisa, para começar a entender a
Solidão? Me pergunta um estudante de
Carmelitas.
Nunca mais soube dizer
O nome dos pássaros, eu que era
O melhor cantor do bando, o rouxinol
De vários céus.
Hoje, completando uma aquarela,
Sou um homem de duas
Cores, a do sim e a do não, eis o meu
Suplício, o vazio dos não eleitos.