O VIRTUAL DO SER
Em uma vida qualquer,
Como a sua ou a minha,
Abre -se a ferida de um fato
Que não é público
Ou privado
E se repete em outras vidas,
Em outros tempos e lugares,
Como uma marca anônima,
Um vestígio inumano,
Que não encontra palavra,
Pois é afeto,
Efeito que transforma,
Misturando o eu e o mundo
No corpo que sabe
O que não tem nome,
E fala o intempestivo
De um quase ilegível ato perdido.
Este fato não acontece
Mas se repete sempre
Como ferida
Dentro de muitas vidas,
Através de muitos agoras .
Ele é como uma doença
Que se faz sintoma de um modo de ser comum
Que ignorado em cada um
Não alcança a potência de todos
E persiste sutil
Como uma quase memória
Do que um dia está por vir
Em uma vida que não será nossa.