Simplesmente

Da escuridão que invade a alma

cegando os olhos perdidos no espaço

naqueles cômodos todos em silêncio (total)

e na tristeza que repousa no peito

fazendo morada nos pensamentos

- todo aquele desespero aos domingos -

nas madrugadas daquele quente verão de fevereiro

a ansiedade e a insônia, o sofá cinza, duro e já gasto

pela fricção do corpo em desassossego

em um canto qualquer da sala

na ânsia da TV como companhia.

O ar seco, quente e denso

circulando burocrático pela casa,

milímetro a milímetro invadindo as narinas,

batendo as suas asas invisíveis pelo vazio do lugar.

Na cama leito do quarto escuro à beira morte

um solfejo abrupto, talvez o último,

antes de o coração parar.