CALAR
Poema de:
Flávio Cavalcante
I
Tudo que preciso é ficar calado
O silêncio, minha maior resposta
Na saudade, olhar lacrimejado
Na vida, um jogo sem aposta
II
Tudo que preciso é permanecer mudo
Sem alegria e força pra continuar
Na intenção de ouvir e se fazer de surdo
Na malícia de ter olhos e não poder enxergar
III
Tudo que preciso é ficar silencioso
Sem ter chance de espalhar asneiras
Minha pretensão de viver sentencioso
Minha injúria é uma escada sem fileiras
IV
Tudo que preciso é só prestar atenção
Ter a visão mergulhada em fumaça
Para nunca mais cair em tentação
Daquele que um dia teve a vida escassa
V
Tudo que preciso é aprender mais pouco
Com tudo que vejo de errado na frente
Para que o meu eu não me acuse de louco
Abrindo o caminho pra que eu siga em frente