O voo de Luisa
Para onde voou Luisa?
Em suas infinitas palavras,
Luisa teceu a prece;
logo pela manhã dourada,
o café esfriou em suas mãos
e Luisa sabia que poderia
fugir para onde fosse:
ainda carregaria consigo
o gélido poder fraco das mãos
e sua capacidade de partir.
Luisa voou para onde ninguém voa,
descobriu um céu maior que
o da sua boca. E decolou
sem pousar, sem fim,
na intermitência de um vento infinito.
Para onde voou Luisa?
O voo de um pássaro miúdo,
suas asas, laranjas como o poente,
a borda do café caramelo
que esfriava em suas mãos.
Luisa voou para onde ninguém sabe.
Voou adiante dos beija-flores
na primavera chuvosa,
esquecendo-se do colorido da paisagem,
voou Luisa.