SECA CHEIA
Chuva, chuva e chuva...
água que lava o céu e a terra,
mata a sede, erode o chão,
desabriga o sertanejo.
Metamorfose d’um sofrimento,
da sede à inundação;
desabrigo, fome e dor:
em vão, tantas preces!
Amor, bloqueio do êxodo,
combatente, vence a miséria,
firma o homem ao campo.
Esperança no amanhã incerto,
obscuro porvir, acontecer,
certeza d’uma vida dura.
Concurso Literário Gregório de Matos, COPENE, Pólo Petroquímico de
Camaçari, poesia Seca cheia, premiação na categoria, quarto lugar, Camaçari - Bahia, 1986.