Da fragilidade das relações
Sou humano como pássaro em
Voo livre, no céu azul vou me
Perdendo entre nuvens frágeis,
Sujeito ao descaso das sombras.
Tenho frio quando o dia amanhece,
E, antes do tempo certo, já
Desaprendi meus erros. Não
Reconheço a soberania dos
Senões, dos quase qualquer
Coisa; sou mais sábio do que
O vento; porém, previsível
Como o rio sem fim do medo.
Meu sangue ferve com tua
Imagem, mas tua alma é simbólica.
Sou o que tu queres e não
Diz, o que tens e não guarda.
Sou um pássaro em queda
Livre, sem asas para segurar.
Sou o começo das eras, mas
O tempo não me aprisiona,
Não me contém, porque sou
Maior do que o sentimento
Que me carrega em suas mãos.
Um momento de ira me torna
Explosivo, no entanto não
Sei como derramar meu cálice.
Nem lembro quando nos
Tornamos tão amigos e inimigos,
Tão juntos e tão sós, eu a me
Olhar no teu olhar, a não me
Ver na tua vista. Desabrigado
Em tua casa, deitado na
Sarjeta da tua cama, querendo
Dormir sem sono.
Hoje o que diz vazio, diz-se
Por não haver palavra para a
Ideia que se quer dizer.
Foi assim que a tua mão
Contornou meu rosto, como um
Cego que tateia o amor.
Sou tão humano que me canso,
Às vezes, de mim; que insisto
Com os astros para que haja
Luz. Sou tão comum que
Me entrego sem pensar ao
Caos da tua linguagem, à vibração
Do teu corpo sensual e da tua
Fantasia de ser como todo
Mundo: vazia de vida, mas
De uma realidade que se possa
Provar com a mesma
Língua de todos os dias.