Da fragilidade das relações

Sou humano como pássaro em

Voo livre, no céu azul vou me

Perdendo entre nuvens frágeis,

Sujeito ao descaso das sombras.

Tenho frio quando o dia amanhece,

E, antes do tempo certo, já

Desaprendi meus erros. Não

Reconheço a soberania dos

Senões, dos quase qualquer

Coisa; sou mais sábio do que

O vento; porém, previsível

Como o rio sem fim do medo.

Meu sangue ferve com tua

Imagem, mas tua alma é simbólica.

Sou o que tu queres e não

Diz, o que tens e não guarda.

Sou um pássaro em queda

Livre, sem asas para segurar.

Sou o começo das eras, mas

O tempo não me aprisiona,

Não me contém, porque sou

Maior do que o sentimento

Que me carrega em suas mãos.

Um momento de ira me torna

Explosivo, no entanto não

Sei como derramar meu cálice.

Nem lembro quando nos

Tornamos tão amigos e inimigos,

Tão juntos e tão sós, eu a me

Olhar no teu olhar, a não me

Ver na tua vista. Desabrigado

Em tua casa, deitado na

Sarjeta da tua cama, querendo

Dormir sem sono.

Hoje o que diz vazio, diz-se

Por não haver palavra para a

Ideia que se quer dizer.

Foi assim que a tua mão

Contornou meu rosto, como um

Cego que tateia o amor.

Sou tão humano que me canso,

Às vezes, de mim; que insisto

Com os astros para que haja

Luz. Sou tão comum que

Me entrego sem pensar ao

Caos da tua linguagem, à vibração

Do teu corpo sensual e da tua

Fantasia de ser como todo

Mundo: vazia de vida, mas

De uma realidade que se possa

Provar com a mesma

Língua de todos os dias.

João Barros
Enviado por João Barros em 19/11/2019
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