Escassez de vento
Quero falar sobre vento
Mas está tudo parado .
Até o meu pensamento
Nesse instante está calado .
Palavras adormecidas,
Trancadas numa prisão
De rimas descoloridas,
Em versos sem emoção.
O vento daqui fugiu,
Deixando triste calor .
A natureza sentiu
Esse quadro de terror.
A terra está muito quente,
Parece grande martírio,
Queimando a vida da gente ,
Num forte e triste delírio .
Tapete tão esverdeado,
Sentiu sede e padeceu .
Agora está desbotado,
Até seu brilho perdeu.
Já não vejo catavento,
Brincando com a criançada ,
Naquele contentamento ,
Naquela larga calçada.
Só me resta, então, clamar ,
Pedindo a volta do vento ,
Com chuva para molhar
Até o meu pensamento.
Quero que soltem o vento
E que chegue no sertão .
Que a terra gere alimento,
Salvando a população.
Que chegue vento mansinho,
Sem derrubar barracão ,
Soprando devagarinho
Uma bendita canção.
Lucineide