Rato
Eu não quero ser rato,
Não quero ser enganado por iscas,
Nada de engodos, ou ludíbrios;
Posso ser vencido sim,
Não tenho poderes sobrenaturais,
Mas, mesmo derrotado,
Quero cair olhando nos olhos;
Eu não quero ser rato,
Não quero invadir celeiros,
De grão a grão...
Quero tê-los conquistado,
Não quero, sorrateiramente,
Arranhar-me na agulha do palheiro;
Quero conviver com fino trato,
Com gentileza, e não com espalhafato,
Quero dividir espaço,
Com solidariedade, e sem asco,
Sem repúdio, sem e sem descaso;
Eu não quero ser rato,
Também não quero ser cobaia,
Em mundo cheio de raias,
Eu quero compartilhar caminhos;
Não quero ser vacina,
Como, também, não quero ser peste,
Nada de antídotos,
Eu quero viver sem peçonha,
Sem riscos de ser paralisado,
Eu quero dar o melhor trato,
Sem ser o tratamento;
Quero sim galgar conquistas,
Não quero ser alienado,
Não quero ser um evadido,
Não quero viver minha vida escondido
Nem passar a vida inteira,
Fugindo da ratoeira